À hora marcada, já o Coliseu estava repleto e expectante. Há alguns dias que se sabia: a lotação estava esgotada, era imperativo chegar cedo!
A hora marcada eram as 21h, momento em que, pontualmente, os Blonde Redhead se estrearam em solo nacional. Coube-lhes aquecer a sala (como se fosse possível suportar ainda mais calor que o que se fazia sentir na sala lisboeta). Na plateia, bastantes fãs da banda de Kazu Makino e dos irmãos Pace aqueciam as gargantas entoando os 45 minutos de actuação da banda nova-iroquina. Para os mais desatentos, aquele trio em palco mostrou que não anda por aí há um par de anos apenas e que, mesmo sendo a banda de "aquecimento", conseguem dar um espectáculo digno de cabeça de cartaz. Os temas do mais recente 23 foram desfilando pelo Coliseu, mas também algumas das mais antigas composições dos Blonde Redhead fizeram agitar a turba que já se aglomerava junto à grade. Em palco, suor, guitarras, energia! Do lado esquerdo dele, Paul Banks e Samuel Fogarino espreitavam a actuação dos Blonde Redhead - ou seria o mini-vestido de Kazu Makino? Os três quartos de hora deixaram no ar o desejo de ver de novo este trio num concerto em nome próprio...
Numa noite de latitudes sonoras similares, os cerca de quinze minutos de intervalo entre as duas bandas serviram apenas para que a mole humana se encaixasse no cada vez mais claustrofóbico espaço do Coliseu. Acenderam-se os primeiros cigarros e o ar foi-se tornando mais denso à medida que se esperava o baixar de luzes que anunciasse o regresso dos Interpol.
E foi ao som de Pioneer To The Falls que Paul Banks, Samuel Fogarino, Carlos Dengler e Daniel Kessler tomaram de assalto o palco. Grande parte do concerto foi dedicado ao mais recente Our Love To Admire, com os três primeiros singles (Heinrich Maneuver, Mammoth e No I In Threesome) a arrancarem energéticas reacções do público. Menção honrosa no capítulo "Our Love To Admire" ainda para Rest My Chemistry e o absoluto The Lighthouse. Os maiores momentos estavam, no entanto, reservados para os temas que criaram todo o culto em torno da banda de Antics e Turn On The Bright Lights.
Os hinos dos primeiros álbuns dos Interpol foram entoados quase em uníssono - arrepiantes Evil, C'mere, Not Even Jail ou Say Hello To The Angels. Não haja dúvidas - mesmo que Our Love To Admire não seja do melhor que os Interpol já fizeram, as memórias destas e outras músicas mantêm bem perto a legião de fãs.
Mas a grande surpresa estava revelada para o único encore: de seguida e de raspão, a banda arranca os melhores momentos da noite, mais uma vez recorrendo aos temas consagrados. A plateia esgotada do Coliseu entusiasmou-se com Take You On A Cruise e Stella Was a Diver and She Was Always Down, mas foi PDA que levou a multidão a um estado de euforia, em saltos convulsos em direcção ao final das quase duas horas de concerto.
Soube a pouco? Para alguns faltaram temas míticos (alguém clamava por NYC), mas não se esgota num concerto todo o catálogo impressionante que os Interpol conseguiram com três álbuns.
De Lisboa a Nova Iorque segue-se em linha recta numa mesma latitude - um caminho que muitos esperam ver tanto Interpol como Blonde Redhead fazerem de novo!