1.2.08

No palco em Fevereiro

O ano avança e começam os festejos habituais. Com um Carnaval a chegar inusitadamente cedo, o mês de Fevereiro traz um recheio para todos os gostos e o primeiro festival do ano. Afinal, só daqui a quatro anos voltamos a viver 29 dias em Fevereiro: peguem nas vossas agendas e aproveitem estes...

DATA: 2ª-feira, 4
LOCAL: Aula Magna, Lisboa
EM PALCO: The Charlatans
Para começar o período de abstinência quaresmal, saciamos finalmente o apetite com mais uma estreia em solo nacional! De Birmingham viajam os The Charlatans, a banda de Tim Burgess, com novo álbum na bagagem.
You Cross My Path, a editar no início de Março, é já o décimo álbum de estúdio desta que é uma das bandas mais importantes do pop-rock alternativo das últimas duas décadas. Seguindo uma filosofia que começa a dar que falar, You Cross My Path será disponibilizado para download gratuito no site da rádio britânica XFM já em Março, chegando dois meses depois em formato físico às lojas.
Oportunidade única para os fãs portugueses ouvirem em primeira mão os novos temas, num concerto único onde não faltarão também os hinos de quase quinze anos de carreira.


DATA: Sábado, 16
LOCAL: Teatro Académico de Gil Vicente, Coimbra
EM PALCO: Magic Arm + Ola Podrida
Passado a ternura (ou o tormento) do dia dos namorados, o TAGV propõe uma noite especial, com mais duas estreias absolutas em Portugal. Sob a designação Indie Folk TAGV, dois projectos unidos pela independência e pela liberdade criativa da sua música sobem a palco, sob o signo da música pop, seja em vertente folk, seja de cariz electrónico.
O primeiro em palco vem de Manchester e assina as suas composições sob o pseudónimo Magic Arm. No passado ano chamou a atenção de muita gente com um EP intitulado Outdoor Games, um pequeno catálogo de construções pop electrónicas carregadas da herança sonora de Manchester. Entre máquinas de escrever, relógios e outros artifícios menos usuais, surgem teclados e soa a voz de Marc Rigelsford. Na altura em que se encontra a preparar novo álbum, faz uma pausa de estúdio e vem até Coimbra para encantar as almas indie.
Do outro lado do Atlântico vem um contador de histórias. Com todo o imaginário da texana cidade de Austin para revelar, David Wingo apresenta as personagens que circulam pelo registo de estreia, Ola Podrida, pela primeira vez em Portugal. Frequentemente comparado aos contemporâneos ícones do folk norte-americano Sufjan Stevens e Iron & Wine, David Wingo e o seu projecto Ola Podrida actualizam a tradição folk norte-americana, conferindo-lhe um tom acústico e despojado. Um verdadeiro storyteller a ocupar o seu lugar numa noite especial, acompanhado apenas do baterista Matthew Frank, numa versão reduzida dos Ola Podrida.
Porque no palco não existem fugas, subsiste a autenticidade. No palco existe o erro. Indie Songs don't lie...


DATA: Sábado, 16
LOCAL: Casa da Música, Porto
EM PALCO: Múm
Nem só de estreias se faz Fevereiro, alguns regressos também são bastante ansiados! Depois de uma passagem em 2003 pelo Festival Sudoeste, a banda islandesa Múm volta a solo luso para nova actuação. Regressados em 2007 com o quarto registo Go Go Smear The Poison Ivy e com Gunnar Örn Tynes e Örvar Þóreyjarson Smárason na formação central, os Múm continuam a mostrar a sua electrónica de tons delicados, usando os mais variados instrumentos. Já sem as gémeas Gyða e Kristín, mas com uma série de excelentes colaboradores nas novas produções, os Múm abrem a noite na Sala 2 da Casa da Música.
No mesmo espaço, logo a seguir, rock'n'roll destilado pelos norte-americanos Pere Ubu, numa noite de Clubbing a contar também com música por mais cantos, recantos, salas e corredores do edifício da Rotunda da Boavista. Uma noite para pôr a Casa da Música a dançar...


DATA: 3ª-feira, 19 & 4ª-feira, 20
LOCAL: Theatro Circo, Braga & Santiago Alquimista, Lisboa
EM PALCO: The Raveonettes
Ela tem ascendência dinamarquesa e chinesa. Ele tem nome de compositor clássico e prefere os Smiths a Morrissey a solo. Ela chama-se Sharin Foo; ele dá pelo nome de Sune Rose Wagner. Os dois formaram em 2001 os The Raveonettes e, quase sete anos depois, visitam pela primeira vez a ponta ocidental da Europa (depois de uma desmarcada actuação em 2006).
Os temas repletos de coros extremamente harmónicos e as letras corrosivas e ligeiramente ameaçadoras e obscuras fizeram dos The Raveonettes um caso de sucesso, desde o primeiro álbum Whip It On passando por Chain Gang Of Love e Pretty In Black. No final de 2007 lançaram novo disco, com o curioso título Lust, Lust, Lust (atenção à versão em vinil, acompanhada de uns belos óculos 3D), cujo single de avanço Dead Sound recebeu excelentes críticas.
Finalmente ao vivo em Portugal, oportunidade de ouvir That Great Love Sound ou Love In a Trashcan pela Seductress Of Bums Sharin Foo e pelo misterioso Little Animal Sune Rose Wagner!


DATA: 6ª-feira, 22
LOCAL: Cine-Teatro António Lamoso, Santa Maria da Feira
EM PALCO: Nina Nastasia + Terry Lee Hale + Sean Riley And The Slowriders
O Festival Para Gente Sentada regressa em 2008 com novas datas e novos nomes. As duas noites de concertos no Cine-Teatro António Lamoso abrem numa sexta-feira ao som dos estreantes Sean Riley And The Slowriders e os seus blues embrulhados em folk. Farewell é o disco que apresenta esta banda de Coimbra, um conjunto de canções que bem poderiam ter resultado de uma viagem através do continente americano, a inspiração do seguinte em palco - Terry Lee Hale.
Já com uma extensa carreira como músico, Terry Lee Hale alimentou o sonho de uma carreira musical e a sua filha de todas as formas que conseguiu. O esforço, dir-se-ia, não foi em vão - uma mudança de armas e bagagens para a Europa traz-lhe o seu primeiro álbum. Seria o primeiro de muitos de uma carreira que em 2007 viu novo registo, o magnífico Shotgun Pillowcase, um álbum de histórias da vida, do caminho árduo que é necessário percorrer para se chegar a um porto seguro. Folk, rock e blues a aquecerem a sala para o grande nome da noite - Nina Nastasia!
Numa noite dominada pelo folk, uma das vozes mais simples e delicadas do género. Conhecida pelas suas actuações intimistas, encantatórias e melancólicas, rodeada de canções sobre o amor, a perda, a fantasia e os dramas humanos, Nina Nastasia é tão genial ao vivo como em disco. Exultada por John Peel, comparada a Joni Mitchell, a nova-iorquina tem, ao fim de dez anos de carreira, um firme culto em seu torno. Em Santa Maria da Feira, a fechar a primeira noite do Festival Para Gente Sentada, haverá por certo tempo para apresentar You Follow Me, o álbum que em 2007 a reuniu com Jim White. Um final a aguçar o apetite para a noite que se segue...


DATA: Sábado, 23
LOCAL: Cine-Teatro António Lamoso, Santa Maria da Feira
EM PALCO: Richard Hawley + Joe Henry + Norberto Lobo
A segunda noite do Festival Para Gente Sentada vira-se para um elenco mais eclético. A noite abre com mais um projecto português, uma descoberta de 2007. Mudar De Bina apresenta Norberto Lobo, músico lisboeta que se expressa quase exclusivamente pela guitarra acústica. A melhor forma de criar um ambiente de intimidade e melancolia para acolher mais uma estreia.
Músico e produtor, o prolífico Joe Henry estreia-se em Portugal apresentando Civillians, o seu último disco. Com uma carreira que remonta à década de 80, iniciada nos territórios da country, passando depois pelo trip-hop até chegar ao jazz, Joe Henry tem-se sempre rodeado de grandes nomes, tendo colaborado com Marc Ribot, Brian Blade, Brad Mehldau e até Ornete Coleman. A curiosa carreira de um músico que encontrou a sua sonoridade própria, em palco quase a fechar a noite.
Para encerrar a noite e o festival, o resultado de uma infância a ouvir Frank Sinatra, Roy Orbison, Elvis Presley e Johnny Cash. Outrora membro dos Longpigs e, mais tarde, guitarrista de palco dos Pulp, Richard Hawley demorou a revelar-se a solo, algo que só aconteceu com o "empurrão" do amigo Jarvis Cocker. Daí para cá, uma sucessão de álbuns em torno da sua Sheffield natal, construídos com melodias suaves, ora angustiadas ora esperançosas, valeu-lhe o respeito da crítica e a aclamação dos fãs, entre muitas nomeações para prémios. Em destaque nesta noite, certamente, o disco de 2007 Lady's Bridge, considerado por muitas listas um dos melhores do ano que findou.
Uma noite para sentar, ouvir e sentir com nostalgia e sem pretensiosismo, no Festival Para Gente Sentada!

DATA: Sábado, 23
LOCAL: Aula Magna, Lisboa
EM PALCO: Spoon
Em Agosto passaram pelo Festival de Paredes de Coura, agora regressam em nome próprio. Os Spoon de Britt Daniel e Jim Eno fazem a viagem desde Austin, no Texas, para encher uma das mais míticas salas portuguesas com o seu pop-rock alternativo.
Com eles trazem o muito aclamado novo álbum de 2007 Ga Ga Ga Ga Ga, que já teve direito a rodagem aquando da última passagem pelo nosso país, mas também quinze anos de produção e carreira que certamente não falharão neste concerto em nome próprio.
A comprovar a extraordinária capacidade de Britt Daniel para escrever canções envoltas em soul e tons minimais de piano e guitarra, e a intimidade das actuações dos Spoon ao vivo, na Aula Magna em Lisboa.


DATA: Sábado, 23
LOCAL: Teatro de Vila Real, Vila Real
EM PALCO: Maia Hirasawa
Num palco que menos vezes surge em destaque estará uma voz que nos últimos tempos tem aparecido mais destacada. Maia Hirasawa ganhou notoriedade como membro dos coros da sueca Hello Saferide, mas cedo se percebeu que a sua voz se iria destacar a solo.
Nascida de uma ligação nipo-sueca no início dos anos 80, a menina dos caracóis tem-se movimentado pelos meios musicais suecos, nomeadamente nos mais ligados à pop independente, entre Gotemburgo e Sollentuna. Foi em 2007, com o seu primeiro single a solo And I Found This Boy, e com o excelente acolhimento pelo público sueco, que Maia Hirasawa se lançou a solo. O mesmo ano viu o lançamento de Though, I'm Just Me, o álbum de estreia que traz esta voz pela primeira vez ao nosso país.
A Suécia aqui tão perto, a propor uma viagem até ao norte do país, para mais uma estreia a não perder!


DATA: 6ª-feira, 29
LOCAL: Santiago Alquimista
EM PALCO: Lou Rhodes
Quem, nos finais do século XX, escutava os Lamb, sabia que o talento era mais que muito naquele duo. Alguns anos passados sobre a ruptura da banda, surgem agora os projectos a solo de Andy Barlow e de Lou Rhodes. Esta última regressa em Fevereiro a Portugal para dois concertos (o segundo acontece no primeiro dia de Março) onde os seus dois álbuns a solo, Beloved One e Bloom estarão em destaque.
O trabalho a solo deixa para trás o trip-hop dos Lamb, optando por uma sonoridade mais orgânica e ligada às raízes, numa vertente mais folk e intimista. Lou Rhodes deixou a citadina Londres e mudou-se para o campo inglês, fazendo agora o percurso até ao Santiago Alquimista, para inundar as paredes do espaço lisboeta com a sua extraordinária voz e a beleza e simplicidade das suas composições. Um final angelical para o mês de Fevereiro...

Um comentário:

Anônimo disse...

Este é seguramente o maior post de sempre :)